Mire de Tibães

A freguesia de Mire de Tibães é uma freguesia do concelho de Braga, localizada a Noroeste da cidade, a 6 km, sendo um verdadeiro ex-líbris do Minho.
Estende-se desde a Capela e Monte de São Gens até à margem esquerda do rio Cávado, estando delimitada por este e pelas freguesias vizinhas, Padim da Graça, Merelim S. Paio e Panoias.
Terra de origens remotas, mantém, ainda, muitas das características rurais e religiosas que marcaram a sua história, através das seguintes maravilhas: o Nicho de S. Bento, a Capela de S. Filipe, o Cruzeiro de Tibães, o Mosteiro de S. Martinho de Tibães e a Cerca do Mosteiro de S. Martinho de Tibães.
Nicho de S. Bento


O Nicho com a imagem de S. Bento é todo feito em pedra e encontra-se embutido na fachada principal de uma casa com dois pisos onde as portas e janelas tem pilares e padieiras em pedra, situada no centro da freguesia de Mire de Tibães, na rua de Sobrado, quase no extremo com a freguesia de Panoias.
A casa onde se encontra o Nicho com a imagem de S. Bento pertenceu à antiga casa da Câmara, da audiência e da cadeia do Couto. Hoje em dia, dessa construção só resta um nicho com a imagem de S. Bento embutido na fachada principal que atesta a existência de um culto de cariz popular e religioso que importa preservar e salvaguardar, como património.
Actualmente, as pessoas recorrem a este santo, sobretudo em casos de doenças malignas e veneram-no como forma de agradecimento pelas promessas cumpridas e curas conseguidas.
Capela de S. Filipe

A Capela de S. Gens actualmente tem a designação de Capela de S. Filipe. Segundo o livro Tibães e a Ermida de S. Gens de António de Sousa Araújo e as informações recolhidas pelo Sr. José Agostinho, de Padim da Graça, a mudança de nome remonta provavelmente ao fim do ano de 1930 e ficou a dever-se à escolha da figura do apóstolo São Filipe para tema central da pintura do tecto. Esta escolha deve-se a dois membros da família Braga, da vizinha freguesia de Parada de Tibães, cujo progenitor se chamava Filipe e que se prontificaram a mandar restaurar a capela de S. Gens, nomeadamente o telhado e o tecto.
            A Capela de S. Filipe situa-se no lugar de S. Filipe no ponto mais alto da freguesia de Mire de Tibães, no cimo do monte de S. Gens. No lado sul encontram-se as freguesias de Cabreiros, Gondizalves e Semelhe, do lado norte, Mire de Tibães, Padim da Graça e Parada de Tibães.
É uma capela pequena de formato rectangular com o telhado de duas águas. A sua estrutura é construída à base de pedra e cal, com reboco de cimento, tem uma porta em ferro com abertura em rede na fachada principal e uma pequena janela do lado esquerdo.
Esta capela ou ermida, ostenta, na padieira, a data de 1196, no entanto, há referências históricas que a edificação primitiva será precedente ao Mosteiro de Tibães.
Em suma, a capela de S. Filipe, sendo um local de culto religioso, também possui uma bela paisagem natural, de elevada altitude face à envolvente, oferecendo uma excelente vista sobre a Cerca Conventual, o Mosteiro de Tibães e toda a freguesia de Mire de Tibães.
A natureza paisagística e religiosa do local merecem a salvaguarda deste conjunto, como património.
Cruzeiro de Tibães

O cruzeiro de Tibães, de estilo renascentista erudito, é um dos mais imponentes cruzeiros e está classificado como Monumento Nacional desde 1910.
Encontra-se no Largo do Mosteiro de São Martinho de Tibães, num meio rural, isolado, situa-se a meia encosta, num terreiro definido pela fachada norte do Mosteiro de Tibães, cemitério, cerca e o muro de delimitação da Quinta da Eira. Localiza-se numa posição quase central, relativamente a este espaço, distando cerca de 200m do Mosteiro. Em torno deste, existem várias árvores de grande porte. A sua construção remonta à segunda metade do séc. XVI.
Este cruzeiro tem plataforma quadrada constituída por nove degraus, tendo os ângulos do degrau inferior truncados por frades encimados por bola. Na plataforma assenta a base em forma de plinto paralelepipédico trabalhado, suportado por quatro leões nos ângulos e decorado com almofadas cartuladas, as das faces laterais semelhantes, com losango rodeado por contas, a da face principal com o escudo da Ordem Beneditina e o posterior com um elemento ovalado, enquadrando uma flor estilizada de quatro folhas, envolto por motivo de contas. O fuste é estriado, com o terço inferior decorado por folhas estilizadas, e o capitel é coríntio, encimado por uma esfera gomeada, na qual assenta a cruz latina, com hastes almofadadas e remate lanceolado.
O cruzeiro de Tibães, é um dos mais imponentes cruzeiros de arquitectura religiosa, renascentista erudito, apresentando vários símbolos religiosos esculpidos na pedra. A sua construção remonta à segunda metade do séc. XVI.
Tendo em conta toda esta riqueza que encerra o cruzeiro de Mire de Tibães, a sua salvaguarda como património nacional deve continuar a ser uma luta constante pela sua preservação e valorização.
Mosteiro de S. Martinho de Tibães


O Mosteiro de S. Martinho de Tibães, antiga casa mãe da congregação Beneditina Portuguesa, está classificado desde 1944, como Imóvel de Interesse Público e protegido por uma Zona Especial de Protecção, fixada em Diário da República.
Fundado em finais do séc.XI, quando o condado portucalense começava a afirmar-se e os monges de Cluny introduziam a regra monástica de São Bento, arvorou-se, com o apoio real e as concessões de Cartas de Couto, num dos mais ricos e poderosos mosteiros do norte de Portugal. A crise demográfica e económica que, a partir dos meados do séc. XIV, se instalou em Portugal veio reflectir-se duramente no quotidiano monástico de Tibães que viveu um longo período de decadência material e espiritual. Com o século XVI, e na persecução das resoluções do concilio de Trento, o Mosteiro de São Martinho de Tibães recebe a nova reforma monástica, participa na fundação da Congregação dos Monges Negros de São Bento dos Reinos de Portugal e torna-se Casa Mãe de todos os Mosteiros beneditinos. Com a extinção das ordens religiosas em Portugal, em 1834, o mosteiro é encerrado e os seus, bens móveis e imóveis, vendidos em hasta publica ou integrados em colecções de museus e bibliotecas nacionais. Este processo só terminaria em 1864 com a compra, por privados, de grande parte do edifício conventual sobretudo a partir dos anos 70 do século passado, á delapidação do seu património nuclear, á degradação e á mesma ruína. Desta situação é resgatado em 1986 pela compra pelo Estado Português da maior parte da propriedade em uso privado.
Localiza-se 6km a norte da cidade Braga, situando-se na encosta do monte de S.Gens e dominando todo o vale do Cávado.
O actual edifício conventual e a sua igreja são construções dos séculos XVII-XVIII. Um terreiro com larga escadaria conduz à sóbria e robusta fachada da igreja, ladeada por altas e movimentadas torres sineiras de cobertura bolbosa. A fachada é depurada, apresentando um frontão triangular com volutas terminais, janelas, nichos com estátuas de S. Martinho, S. Bento e Sta. Escolástica. No piso térreo abre-se um arco abatido cobrindo a porta axial, ladeada por arcos, enquadrando janelas elípticas. O interior apresenta uma nave ampla coberta por uma abóbada de caixotões, marcando as paredes existem fortes pilastras a delimitar as várias capelas laterais. Estas apresentam-se profusamente envolvidas por decorativos retábulos de talha dourada barroca, valorizados por esculturas sagradas em madeira estofada, pedra ou barro. O resto do templo é submergido por uma onda de talha rocaile, ocupando literalmente o espaço das sanefas das janelas, púlpitos, grades, bancos, altares e varandas.

O coro alto é dominado pelo soberbo cadeiral barroco conventual, realçado pelos expressivos relevos policromados e sagrados que cobrem os espaldares e complementado pelo belíssimo trabalho em talha dourada da sanefa do janelão central, da grandiosa caixa do órgão e do oratório, obras produzidas por frei José de Sto. António Vilaça e executadas na segunda metade do século XVIII.
A capela-mor possui uma movimentada e elegante composição cenográfica, obra delineada pelo arquitecto André Soares, artista que projecta igualmente os assimétricos retábulos rocaille das capelas colaterais e os púlpitos da igreja.
O claustro principal, contíguo à sacristia, é formado por arcos de volta perfeita assentes em colunas da ordem toscana, repartidos em nove tramos, tendo ainda no pátio um chafariz central. Infelizmente, diversos incêndios, roubos e incúrias várias fizeram desaparecer grande parte dos azulejos barrocos setecentistas, azuis e brancos, que cobriam as paredes claustrais e que narravam episódios da vida de S. Bento.



Mosteiro de São Martinho de Tibães, com a sua imponente escadaria, a sua fachada com as estátuas de S. Martinho, S. Bento e de Sta. Escolástica. No piso térreo porta axial, ladeada por arcos, enquadrando janelas elípticas.
No seu interior podemos apreciar as belas capelas, tendo a capela-mor uma elegante composição cenográfica, as capelas laterais estas apresentam-se profusamente envolvidas por decorativos retábulos de talha dourada barroca, valorizados por esculturas sagradas em madeira estofada, pedra ou barro.
O coro alto é dominado pelo soberbo cadeiral barroco conventual, claustro principal, contíguo à sacristia, é formado por arcos de volta perfeita assentes em colunas da ordem toscana, repartidos em nove tramos, tendo ainda no pátio um chafariz central.
O Mosteiro de São Martinho de Tibães, antiga casa mãe da congregação Beneditina Portuguesa, arvorou-se, com o apoio real e as concessões de cartas do couto, num dos mais ricos e poderosos mosteiros do norte de Portugal.
O actual edifício conventual e a sua igreja são construções dos séculos XVII-XVIII e todo este monumento apresenta uma grande perfeição arquitectónica e riqueza patrimonial, despertando a curiosidade e sendo digno de ser apreciado, valorizado e preservado como património histórico,religioso e cultural de beleza única.
Cerca do Mosteiro de S. Martinho de Tibães
 A Mata da Cerca, é parte integrante do circuito Museológico do Mosteiro de S.Martinho deTibães, situa-se nas fraldas do Monte de S.Gens (S.Filipe), na sua encosta norte, virada ao Cávado. Encimado pela Capela de S.Filipe, o Monte de S.Gens (S.Filipe), é ocupado a meio pela Capelinha de S.Bento e ao fundo pelo Mosteiro.
Classificado Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto nº33587, de 27-03- 1944. Monumento Nacional desde 16-06-1910 é protegido por uma área especial de protecção, estabelecida em Diário do Governo 18-10-1949 nº242,II Série. A Portaria nº736/94, de 13 de Agosto, alarga e fixa a zona especial de protecção. A construção da cerca data 1725 / 1734.
Esta propriedade está limitada por um muro com mais de três metros de altura e compreende cinco zonas distintas: MOSTEIRO, ESCADÓRIO, ZONA AGRÍCOLA, CAPELA DE SÃO BENTO e ZONA DA MATA.
MOSTEIRO: situa-se no acesso principal, no extremo N. da propriedade desenvolvido em torno de dois claustros (claustro do cemitério e claustro do refeitório) e dois pátios (pátio de são João e pátio do Jericó).
ESCADÓRIO: envolto por arvoredo, constituído por vários lanços de escadas simples ou duplas, que desembocam em plataformas lajeadas, em rampa, onde se inserem nove fontanários entre os lanços de escadas.
ZONA AGRÍCOLA: composta por pomares, olival, milheiral, vinha, hortas e ornamentos como canteiros, fontes ou bancos.
CAPELA DE SÃO BENTO: de planta centralizada e quadrangular, é antecedida por um pequeno alpendre, elevado relativamente ao adro, com acessos central e laterais, por lanços de seis degraus, flanqueado por plintos altos, onde se erguem duas colunas toscanas de sustentação do alpendre.
ZONA DA MATA: Situa-se por trás da capela zona de mato no antigo jardim dos espinhos. A partir daqui o caminho, acompanhando o relevo, conduz à mata junto ao muro, limite onde funciona o aqueduto com caleiras cobertas e a céu aberto, que é caracterizada por um vasto conjunto de matas ocupado actualmente por Pinhal, Acácias e Eucaliptal. Só dentro da Cerca do Mosteiro a vegetação climácica consegue ir recuperando o seu espaço secular, servindo de refúgio e habitat a centenas de espécies da nossa Fauna e Flora. Podemos aqui observar entre outras plantas da associação do Carvalho do Norte (Quercus robur), o protegido Azevinho (Ilex aquifolium),o Loureiro (Laurus nobilis), a Aveleira (Corylus avellana), o Medronheiro (Arbutus unedo), a Gilbarbeira (Ruscus aculeatus) e o Bordo (Acer pseudoplatanus).



Assim, a Cerca do Mosteiro de S. Martinho de Tibães, pode-se considerar uma preciosidade, tendo em conta a elevada biodiversidade existente, caracterizada por um vasto conjunto de matas, pomares, hortas e jardins.Também os aquedutos, tal como outras obras arquitectónicas e decorativas de pedra, como o Escadório talhado no monte, as diversas fontes, o grande lago elíptico, enquadrados com os caminhos refrescados por ramadas, favorecem o estabelecimento de uma relação harmoniosa entre a paisagem natural e a cultural.
Todo este conjunto apresenta uma rara perfeição em que o que foi construído pelo homem quase não se distingue do natural apresentando, por isso, uma grande beleza e riqueza patrimonial.

Carlos Dias
Maria Alzira Ribeiro
Maria Fernanda Magalhães
Vânia Cruz