Panoias

Panoias, freguesia situada a norte da Cidade de Braga, sensivelmente a 4 km do centro, atravessada pelo Rio Torto, apresenta a concurso três maravilhas, sendo elas o Cruzeiro Miliário, os Moinhos do Rio Torto e a Casa da Maínha.


Cruzeiro Miliário de Panoias
 
O Cruzeiro Miliário de Panoias é um edifício pertencente à  categoria de estruturas construídas religiosas e está situado no centro da freguesia de Panoias, no largo do Souto.
Encontra-se em plena estrada camarária, ao centro de uma rotunda, embora esta não se encontre no centro da via, está ligeiramente desviada para a ala que dá acesso ao interior da freguesia de Panoias. À sua volta tem bancos de pedra, estando rodeado também de uma calceta de pedra branca.
O Cruzeiro de Panoias é um cruzeiro datável do séc. XVII a XIX, que foi edificado utilizando como base um marco miliário em posição invertida. O marco miliário, que mede 2,50 m de altura e onde se encaixa uma cruz simples com 60 cm de largura e 90 cm de altura, assenta sobre um prisma quadrangular em pedra, com cerca de 90 cm de altura. 
O que  torna este cruzeiro especial, é o facto de este ter na sua base, parte de um marco miliário, que talvez tenha sido trazido da estrada romana de Braga em direcção a Astorga e passava em S. Paio de Merelim. Este marco poderá ser, de acordo com as inscrições que suporta, da época do Imperador Tibério ou Imperador Augustos.
Há referências, sobretudo orais, com raízes mais ligadas ao paganismo que à religiosidade, que explicam a posição invertida do marco, como símbolo da masculinidade. 
            Dada a antiguidade histórica deste marco, somos remetidos para um tempo em que os romanos pisavam a “Bracara Augusta”, deixando vestígios que ainda hoje podem ser vistos, mesmo que não seja nos seus locais originais, como é o caso deste cruzeiro miliário.
Moinhos do Rio Torto

O moinho que observamos na imagem é um edifício de estrutura agrícola, encontra-se  em Panóias, na margem do Rio Torto (Rio Mau), a poucos metros da Igreja de Santa Maria de Panoias, ao lado da Quinta da Maínha. Existem vários moinhos neste rio, no entanto, actualmente apenas este se encontra em actividade.  
Este moinho tem vindo a sofrer alterações de década para década, devido às mudanças de proprietários, ao melhoramento da actividade da moagem e às intervenções humanas que levaram a um aumento do caudal do rio. Infelizmente, nem toda as intervenções levadas a cabo respeitavam a traça original do edifício.
Panóias era uma freguesia agrícola importantíssima no Couto de Tibães, no séc. XVI. No final deste século, o leito do rio, foi desviado pelos beneditinos para benefício da população. A intensa actividade agrícola exigia a existência de vários moinhos junto ao rio, para a moagem do milho e azenhas para a produção do azeite. Dos moinhos que existiam no Rio Torto, o único que se encontra em actividade, mói cerca de 500 kg de milho por mês e a farinha obtida acaba por ser comercializada pelas padarias e por alguns particulares que ainda fazem a troca do milho pela farinha.
            Dada a importância dos moinhos em tempos antigos para esta região, somos convidados a visitar o único moinho que ainda se encontra em actividade. Por outro lado, não resistimos ao lançamento de um apelo para a reabilitação dos restantes moinhos e para a preservação deste património que povoa as margens de um rio, cuja importância é muito maior que o seu caudal.  
Casa da Maínha


A Casa da Maínha está situada no concelho de Braga, freguesia de Panoias, na rua Dr. Guedes Machado. A Casa da Maínha possui as suas raízes numa construção do século XVI, no entanto, só no século XVII foi construído o singular edifício de arquitectura civil privado que chegou até nós. Este solar Minhoto foi construído em 1697, pertenceu aos Capitães-Mor do Convento de São Martinho de Tibães. O seu fundador foi Lourenço Fernandes da Silva.  



A Casa está inserida numa Quinta implantada numa área do vale de suave topografia, sendo o seu território cortado e banhado por um pequeno curso de água, denominado Rio Torto (também chamado Rio Mau).


A entrada na quinta faz-se por um belo portal de Casa solarenga, com um trabalho exemplar de cantaria. Este portal é encimado por duas pequenas colunas, sustentando cada uma o seu merlão e ao centro, uma cartela lisa rematada por uma cruz. Inserida num contexto rural delimitada por um muro, apresenta-se rodeada por terrenos agrícolas e por jardins, acedendo-se à porta principal a partir de uma calçada “à portuguesa”. A calçada que dá acesso à Casa é definida por sebes de buxo talhado e japoneiras, ambos podados em forma esférica, os quais, juntamente com o granito em volutas, revelam toda a exuberância do Minho. Em pleno jardim podemos observar um magnífico relógio de sol, que ainda hoje nos deixa controlar o tempo com a precisão de tempos imemoriais e podemos igualmente, observar uma fonte encimada por um nicho e por cima deste, uma Cruz sobre uma esfera em pedra. Na fonte pode-se ler os dizeres “benditas sejam as fontes”.

Este solar construído em alvenaria de pedra rebocada à cor branca, apresenta as cornijas, volutas, escadarias, pináculos e molduras dos vãos em cantaria, sobressaindo nas suas fachadas o vermelho vivo do esmalte que cobre portas e caixilharias em madeira e varandas em ferro forjado. No alçado nascente destaca-se um singular pombal com meia centena de casulos perfurados na própria parede da fachada, cada um deles provido de um poleiro de madeira do século XVIII. No interior da habitação, destacamos um singelo oratório particular do século XIX.
Nesta Casa viveu o ilustre Dr. Francisco Guedes Machado, excelente médico e benemérito da freguesia, tendo casado em 1921, com Dona Oliva Corte-Real Leite de Vasconcelos Guedes Machado, descendente do fundador desta Casa, Lourenço Fernandes da Silva.

Deste Casamento nasceram três filhos, entre os quais Miguel Leite de Vasconcelos Guedes Machado que foi um grande impulsionador e apaixonado por manter vivo o espírito de integridade e engrandecimento de todo o património, como forma de assegurar a sua sobrevivência e projecção. Em 1979 contribui para o lançamento “Subsídios da Casa da Maínha” na Separata da Revista Bracara Augusta Tomo XXXIV – Fasc. 77-78 (89-90).
Também submeteu a proposta a imóvel de interesse público no IPPAR-Instituto Português do Património Arquitectónico. Infelizmente faleceu sem ver o seu sonho realizado, até à data ainda não houve resposta ao pedido de classificação.
Entretanto um despacho publicado no Diário da República a 31 de Dezembro de 2010 divulgou uma lista em que se alarga o prazo de possível classificação de vários imóveis, entre os quais a Casa da Maínha.

A casa da Mainha encontra-se habitada por Dona Maria Cândida Vasconcelos Guedes Machado de Sousa, co-proprietária da casa e herdeira directa de Olívia Corte-Real  Leite de Vasconcelos Guedes Machado e de Francisco Guedes Machado.
A Casa da Maínha é pois um belíssimo, harmonioso e bem conservado imóvel que enobrece ser conhecido, divulgado e preservado.




Esmeralda Jardim
João Alves
Rui Machado